‘Bibi perigosa’, para quem?

Não sou uma pessoa que possa ser chamada de “noveleira”, assisto um capítulo aqui, outro acolá, ou na maior parte das vezes a TV, que mantenho sempre ligada com o controle remoto fazendo um papel de navegador, me revela ou relembra uma cena que vale a pena ser assistida.

Sempre amei a teledramaturgia brasileira pela qualidade de interpretação, cenários, continuísmo, e principalmente pesquisa que carrega consigo.  No entanto, até mesmo pela temática que envolve, tenho me sentido seduzida a rever algumas cenas da reprise de “Força do Querer”. Para quem não sabe, na trama, a personagem que dá nome a esta matéria vive uma paixão intensa e desmedida por um homem que a leva, em segundos, do céu ao inferno. E a ficção conta uma história, diga-se de passagem, real, de uma mulher que foi abrindo mão de seus sonhos, envolta no frenesi de viver uma paixão intensa. Essa realidade, infelizmente, não é rara ou incomum.

Os grupos anônimos de ajuda mútua, voltados para este tipo de dependência, vivem lotados de mulheres, que se perderam na busca de “um grande amor”. Mulheres, que na ânsia de se sentirem amadas, vão se desprendendo dos seus valores pessoais, da sua autoestima, dos seus objetivos laborais, acadêmicos, do convívio com suas famílias de origem e até mesmo de filhos, em nome de atender às necessidades do seu candidato a “príncipe encantado”. Talvez, em minha concepção particular de ver, esse apelido corresponde com precisão ao encantamento a que tais mulheres se submetem. Aí está o perigo. E o perigo, neste caso, é para ela mesma!

Já tive a oportunidade de ouvir relatos de mulheres que me confessaram gastar o que tinham e não tinham em prol de comprar presentes, de agradar, ou até mesmo atender às demandas geradas por seus parceiros sexuais, namorados, amantes, maridos. Seja qual for o título da relação, é preciso que a mulher se sinta encorajada a buscar ajuda. Tudo bem se a pessoa se sente bem em presentear a outra, mas é necessário que ponderemos sobre nossas decisões. Qual a motivação? Um aniversário? Uma comemoração especial? Ou o ato de presentear, facilitar, favorecer, é motivado por uma contrapartida esperada, que nem sempre será atendida? Ou ainda, quando fazemos algo que trará um retorno, mas que foi tratado previamente, menos mal! Afinal, “o combinado, não sai caro!”.

Quando se faz algo, criando a expectativa de um retorno, seja ele qual for, atenção, carinho, cuidado, sexo… Cuidado! Fato é que muitos gastos poderiam ser evitados, muitos cursos concluídos, muitos trabalhos finalizados e muita dor suprimida, se a mulher não perdesse o sentido de que seu AMOR PRÓPRIO, deve vir em primeiro lugar. Nada de humilhações, de sujeições, de submissões… Nada de investir no que não lhe traz retorno. Estamos no mundo para sermos felizes e plenas.

Lembremo-nos de nosso comprometimento com a liberdade, emocional inclusive. Entendamos que quando uma relação abandona o patamar mínimo de saúde para que cresça e se fortaleça, o melhor é deixá-la ir… Do contrário, “a periculosidade” volta-se contra nós mesmas.

Exatamente isso, aconteceu na vida da personagem de Juliana Paes. Queria tanto as emoções de uma paixão intensa, que abandonou seus estudos, seu noivo, seu trabalho, sua mãe, sua casa e por pouco seu filho, a fim de acompanhar aquele homem, que lhe causava fortes emoções. Violou seus conceitos, crenças éticas e morais, envolveu-se fortemente no crime, seguiu sendo magoada e perdoando cegamente o homem, que “elegeu” como seu par perfeito.

Aquelas que tiverem acesso a este texto, tomara que ao passarem por uma situação semelhante, tenham a boa vontade de se autoavaliar. Quem sabe, se no futuro, irá conhecer alguém, que lhe dê o real valor, na medida certa? Se liga: a fila só anda, quando o lugar da frente desocupa!