As mulheres e a pandemia

As mulheres por serem na maioria das vezes condutoras da rotina familiar têm sido impactadas quando o assunto é pandemia. Indispensável relatar os cuidados necessários aos familiares infectados. Digo isso com relativa propriedade já que tive um filho assintomático infectado e quarentenado para recuperação em minha casa.

Lavar as roupas separadamente, desinfetar as superfícies por ele tocadas e o banheiro a cada utilização, separar louças para uso individual são tarefas, que apesar de leves, ocupam parte do dia e causam uma relativa tensão. Um misto de medo e compaixão, difícil de expressar.

Dito isto, pensemos nas mulheres, que não possuem familiares com a doença. Quase sempre a desinfecção dos mantimentos e das compras vindas do mercado é tarefa sua. Fato é que a pandemia não acabou e há muito o que se fazer durante este tempo que virá até que chegue a bendita vacina.

Entretanto, existem as mulheres na linha de frente, que também não podem deixar de ser homenageadas, entre técnicas de enfermagem, enfermeiras e médicas, as mulheres não fogem à luta na hora de encarar uma batalha dessas proporções. Mas, duas mulheres, as quais farei referência aqui, se destacaram como gestoras em tempos de pandemia. Ângela Merkel, chanceler da Alemanha e Patsy Reddy, governadora-geral da Nova Zelândia.

Ambas, com sabedoria, firmeza e visão “prevencionista”, conseguiram passar a primeira onda da Covid-19 com êxito. Na Alemanha, após as férias e a abertura e o relaxamento das ações de isolamento social, vem acontecendo o que mais era temido, um aumento abrupto e persistente no número de casos e de mortes. Porém, corajosamente a chanceler anunciou semana passada um “lockdown” em tom de clamor, para que não se permitisse a perda de mais vidas. Entristecida e indignada ela afirmou ser inaceitável 590 mortes por dia e justificou assim o endurecimento das medidas de distanciamento. Confesso que invejei os alemães diante da postura de sua líder. Consciência, empatia e coragem são características que marcam uma gestora ao anunciar uma decisão desse quilate às vésperas das festas de final de ano.

Pasty Reddy foi mais além. No entanto, vale considerar que falamos de países de proporções geográficas distintas e, sobretudo de localizações com peculiaridades muito específicas. Enquanto a Alemanha está cravada no centro da União Europeia e a Nova Zelândia repousa entre o Mar da Tasmânia e o Oceano Pacífico, o que certamente faz toda diferença no controle de entradas e saídas de pessoas no país. Todavia, não fosse a rapidez no fechamento das fronteiras na primeira onda, a Nova Zelândia não teria conseguido registrar neste primeiro ciclo, 102 dias sem transmissões comunitárias no arquipélago.

Em agosto, o governo realizou novo confinamento com restrições mais severas ainda durante três semanas. Os resultados dessa gestão feminina é de que tendo um quantitativo de cinco milhões de habitantes o arquipélago do Pacífico Sul registrou menos de 25 mortes por Covid-19, 43 casos ativos e 2.032 casos recuperados.

Para finalizar, manifesto aqui meu orgulho e gratidão pelo desempenho da mulher diante da pandemia. Seja como gestora do lar ou de um país, ou ainda, na linha de frente nos hospitais, tenho orgulho em ser mulher. Rogo, a cada dia que passa, que consiga por meio desta coluna, influenciar outras mulheres a perceberem e reconhecerem o imenso valor que temos! E a todas, independentemente da nacionalidade, fica a minha gratidão! Cuidem-se!