Amor e Sexo, Amor com Sexo

Titulo sugestivo e rico em interpretações. Propositalmente os dois primeiros substantivos estão ligados pela conjunção “e”. Ligados sim, na oração, mas distintos em seus significados e não necessariamente ligados em sua prática. Durante muito tempo, nós mulheres fomos “educadas” para “servir” ao homem, atendendo as suas necessidades nos mais variados aspectos. Foi longo o caminho que percorremos entre ter a chance de viver o nosso amor de escolha até ver nosso direito ao sexo legitimado.

No início, cerceavam nossas experiências e aprendizados escondendo-se atrás do tabu da “virgindade”. Após isto, vieram as discriminações e preconceitos que respaldaram perseguições às mulheres desquitadas, posteriormente as divorciadas e não raramente este repúdio transformou-se em segregação social.

São comuns relatos de situações onde mulheres com este estado civil eram descartadas de ciclos sociais aos quais antes pertenciam. Reforçando desta maneira o pensamento cruel de que uma mulher casada era “direita” e a outra não. Sob a égide das convenções colocavam-na à margem da sociedade cogitando covardemente que poderia em função do estado civil ser portadora de um comportamento “devasso”.

Quanta dificuldade em legitimar o direito ao sexo a ser exercido pela mulher. Antes, durante e eventualmente depois do casamento! As mulheres foram doutrinadas e adestradas a associar as palavras “amor” e “sexo”, mas são distintas e não há mal algum em se desejar vivê-las separadamente. Sim, há homens que despertam interesse independentemente de haver afeto. É possível se dar ao luxo de exercer a sexualidade sem estar apaixonada pelo parceiro ou parceira.

Sexo, libido, erotismo não necessitam de amor para existirem entre duas pessoas, para isto é preciso: atração física, respeito e algumas afinidades que justifiquem a aproximação, é claro! Sendo assim, é plenamente concebível que se sinta algo afetivo por uma pessoa e haja atração física por outra. Ou vou mais além, será que quando a mulher não está apaixonada não pode fazer sexo? Estará ela ainda fadada a ter que se apaixonar e viver um romance para realizar o ato sexual? Ou a programaram para isto? São “gavetas mentais” distintas, por isso o uso da conjunção: amor “e” sexo.

Todavia, existe a possibilidade de, eventualmente, as gavetas serem abertas e mexidas simultaneamente e isto também é muito positivo. Refiro-me agora ao “amor com sexo”, é maravilhoso quando isto ocorre, mas não pode invalidar as gratificações advindas da prática sexual desvinculada do amor. Afinal, o “amor com sexo” pode ser firmado a partir daquilo que o casal decide convencionar para eles. Pode ser uma relação monogâmica, uma relação aberta, uma relação liberal ou até mesmo um poliamor.

Considero para todos os casos a honestidade e a confiança condições primordiais para qualquer tipo de relação. E dentro desta premissa há de se considerar que precisamos ser honestos e verdadeiros com nossos próprios desejos e sentimentos. Nada é errado ou certo desde que seja verdadeiro e combinado. Portanto, vivamos o amor e o sexo, juntos ou separadamente e sejamos felizes!