A simplicidade que deu certo

Pura diversão, “As sete vidas de Alva” é um maravilhoso presente, em um momento pandêmico sórdido e tão duro.

Uma delícia assistir à Anja Bittencourt, simpática e desbocada, ensaiada e apta a seu ofício, esbanja vitalidade. As lembranças do passado contadas pela personagem prendem a atenção.

Alva é leve, dá vontade de ouvi-la para sempre. Porque o tom de sua voz é suave, suas aventuras perspicazes e sedutoras. A voz e as expressões corporais de Anja são excelentes.

Tudo bem acolhido frente a olhos atentos. É sempre bom quando encontrar audiovisuais sem shows pirotécnicos, ou excesso de cores e sonoplastia agressiva, o que provavelmente espanta o espectador das plataformas digitais em poucos minutos de apresentação. Menos é mais, acreditem!

A filmagem bem enquadrada. E que cenário é esse criado por Gigi Barreto? De onde se tira uma ideia dessas? E o gato? Pasmem, tudo de papelão!

Tudo inteligentemente elaborado, de forma comedida, afinal, a crise atingiu todos os setores. Na aula de economia aprende-se: na crise, retire o “s” e crie! Perfeito!

Um mergulho no clássico, “Alice no País das Maravilhas”, com chás e gatos, não há dúvidas de que o Teatro não vai parar, principalmente, se depender de mãos arteiras como essas. Um exemplo a ser seguido! 

E o massagista cego? Como não rir? Gargalhadas soltas diante da tela.

A atriz autonomeia-se “carcamana”, mas não Anja, sua personagem se entrega a cada espectador maravilhosamente, e nesse momento, arrebata e encanta.

A iluminação de Letícia Guimarães e Livs Ataíde é uma grata surpresa, conta com as sete cores do arco-íris, inúmeras referências.

O texto conta a história dessa personagem, em nada caricata, não se trata de uma mulher comum, Anja criou uma personagem diferente, nada austera. 

Texto e atriz se completam. Tudo começa ao narrar suas experiências como comissária de bordo e uma nascente de fábulas risíveis surge com o admirável texto.

De Carmem Miranda a sete gatos, uma vida é contada.

Alva, é obra de Sidnei Oliveira, impossível não se apaixonar por ela.

Sidnei desliza em palavras como um patinador no gelo, e sua façanha inspira e faz sonhar, como fazem os grandes atletas em suas inimagináveis apresentações.

É de uma agudeza de espírito inquestionável. Como Alva conversasse com cada espectador, e os transportasse por suas narrativas peraltas.

A direção de Ramon Botelho e Sidnei Oliveira merece aplausos, assertivos na escolha do que mais se precisa neste momento, foram além do olhar técnico, leveza com hilaridade.

Figurino simples, competente e harmonioso, adequada iluminação e papelões…

Alva tem muito a contar, de um whisky em “Woodstok” à morada de São Jorge na lua! 

A produção de Luiz Fernando Orofino convida o público a nadar em outros mares, seu olhar robusto fez toda diferença. A última tomada do audiovisual ratifica a vida e os ditos de Alva!

Vale a pena assistir!

AS SETE VIDAS SE ALVA

Temporada até dia 12/4

Acesso liberado 24h

Duração: 44 min

Assista: https://www.facebook.com/assetevidasdealva/videos/280224506929314

FICHA TÉCNICA

Realização: Rotunda e Bambolina Produções Artísticas LTDA
Texto: Sidnei Oliveira
Direção: Ramon Botelho e Sidnei Oliveira
Atuação: Anja Bittencourt
Coordenação Geral: Ramon Botelho
Produção: Luiz Fernando Orofino
Assessoria de Produção: Gabriela Calainho
Cenografia: Gigi Barreto
Figurinista: Juli Videla
Iluminação: Letícia Guimarães e Livs Ataíde
Trilha Sonora: Lúcio Zandonadi
Programação Visual: Rafael Pascoal
Fotografia de Divulgação: Dalton Valério
Visagismo: Andreia Jovito
Controller Financeiro: Dudu Colombiano
Assessoria de Imprensa: Maria Fernanda Gurgel
Montagem e Operação de Luz: Fábio Schuenck
Cenotécnico e Contrarregra: Guilherme Xavier
Produção de acessibilidade: Conecta Acessibilidade
Catering: Daniel Lázaro e Théo Menezes