A luta continua

Quando se começa com música, parece que desanuvia o ambiente e tudo fica mais leve, mais fácil, flui. Música é sempre bem-vinda, perfeito, ponto para o audiovisual.

São três jovens artistas negros o abre-alas para que os demais passem! Caio Nunes e Thallyssiane Aleixo, artistas festivos!

Izak Dahora, ator negro e periférico, simplesmente domina o olhar do espectador.

E por que ressaltar a raça e de onde se vem? Para que essa luta ganhe ainda mais força e a esperança se deleite entre os jovens desse país. Para que os algozes entendam, que existem mãos excitando o triunfo igualitariamente, simples assim.

Esse mesmo ator derrete seus espectadores com suas perfeitas expressões corporais, capaz de raptar qualquer plateia. Interpretação elegante e equilibrada. Divino!

Interpretar Malcolm X é de uma responsabilidade imensa, pois não se trata de qualquer ativista, esse foi um dos maiores representantes do movimento negro Black Power, sinônimo do ativismo negro. Defendeu os afro-americanos avidamente. Deixou seu nome registrado na história. Sua autobiografia é um dos dez livros mais importante do século XX.

E Izak foi leal e contundente em sua encarnação.

A dramaturgia foi adaptada por Rogério Corrêa. Excelente dramaturgo, que mesmo durante a pandemia trabalhou com aferro, sem pestanejar. Trouxe ao teatro virtual espetáculos com diversos temas, mas sempre bem embasados. Rogério quando esteve em Londres assistiu ao espetáculo e o readaptou para alegria dos brasileiros. A obra é do escritor romancista americano Jeff Stetson. O Encontro dos gigantes Malcolm X e Luther King. Uma obra imaginária, passada no Harlem, em 1965.

Martin Luther King foi outro ativista negro. Ganhador do Prêmio Nobel da Paz, fundamentado na não violência de Gandhi, ajudou na Grande Marcha de Washington em 1963, por trabalho e liberdade. E se ele tinha um sonho, o sonho continua a ser perseguido, veementemente, por negros no mundo todo e também aqui no Brasil.

Quem o representa é o ator Rodrigo França, que cumpre seu papel como ator cênico.

O figurino é perfeito, Desirée Bastos foi simplesmente ávida e robusta na escolha de cada indumentária. Tudo lindo, tudo perfeitamente elaborado para a época em que se deleita o espetáculo. Um mergulho completo que transporta o espectador.

Dóris Rollemberg foi divina na concepção e execução do cenário, um hotel no Centro do Rio, na Lapa, um dos lugares mais alternativos do estado, que acolhe todas as tribos. Expertise deflagrada.

A direção de Isaac Bernart é notável. Belíssimo trabalho de movimento, sempre que Isaac está de frente a uma obra, é possível perceber um dinamismo muitíssimo equilibrado.

A idealização do projeto também pertence a Isaac, que inclusive, gosta de grandes nomes e durante a pandemia, trouxe para o audiovisual “Cora, dócil e elegante”. Outro espetáculo convincente.

Um belo espetáculo. Um banho de história, personagens imensos, que fazem valer a pena. Vale relembrar esses grandes ativistas e recarregar a força e a esperança provenientes de suas gloriosas trajetórias! A luta continua.

O ENCONTRO

On-line e gratuito

Plataforma Sesc ao vivo no Youtube, 24 horas

Duração: 96 min

#emcasacomsesc

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=In7o7XE704Y&t=273s

FICHA TÉCNICA

Texto: Jeff Stetson

Tradução e adaptação: Rogério Corrêa

Direção: Isaac Bernat

Elenco: Izak Dahora, Rodrigo França e Drayson Menezzes

Músicos: Caio Nunes e Thallyssiane Aleixo

Iluminação: Aurélio de Simoni

Cenário: Dóris Rollemberg

Figurino: Desirée Bastos

Câmera: Madara Luiza

Idealização: Aline Mohamad e Isaac Bernat

Foto Julio Ricardo